Seminarista: Everaldo Bail-Propedêutico |
A MESA DA PALAVRA
O
Missal Romano (2006, p.81), afirma que “a dignidade da Palavra de Deus requer
na igreja um lugar condigno de onde se possa ser anunciada a para onde se volte
espontaneamente a atenção dos fiéis no momento da liturgia da Palavra”. Trata-se
do Ambão ou lugar de onde se anuncia a Palavra de Deus. Dele são proferidas as
leituras, o salmo responsorial, o Evangelho e o precônio pascal; também se for
conveniente, a homilia e a oração dos fiéis. O elenco das Leituras da Missa (nº
33, p.22) afirma que
O ambão é o lugar de onde os
ministros proclamam a palavra de Deus, reservado por sua natureza às leituras,
ao salmo responsorial e ao precônio pascal. A homilia e a oração dos fiéis
podem ser pronunciadas do ambão, já que estão intimamente ligadas a toda a
liturgia da palavra.
O
Ambão quase semelhante ao altar, móvel ou fixo, é o lugar de onde se proclama a
Palavra de Deus. Geralmente é colocado ao lado do altar ou mesmo no centro das
naves das igrejas. Acolhe o Livro para a proclamação da Palavra de Deus. É um
dos polos da Liturgia. A Escritura só atinge seu pleno significado quando é
aberta à vista da assembleia, que assim recebe a Palavra da vida.
O
Ambão, segundo a tradição cristã, faz referência ao sepulcro vazio, ao lugar da
Ressurreição e do anúncio do Cristo vivo. Ao lado dele, no Tempo Pascal e
quando há celebrações de Batismo e Crisma, coloca-se o símbolo de Cristo
Ressuscitado, o Círio. Para isso, haja espaço suficiente para um belo
candelabro e, se for oportuno, emalgumas circunstâncias, um arranjo floral. Em
outras oportunidades se pode também colocar a Menorá (candelabro de sete
braços).
Não
há norma que estabeleça qual o local mais adequado para o Ambão. A
sensibilidade litúrgica aliada à estética fará encontrar o melhor lugar para
situá-lo. Algumas Conferências Episcopais incentivam que se pense o Ambão
também fora do presbitério, próximo da assembleia, como testemunha a tradição
litúrgica.
A
procissão que o diácono faz, ladeado pelos acólitos, com incenso e velas, durante
o canto de aclamação, carregando o Evangeliário, que até este momento deve
estar sobre o altar, perde o sentido e a beleza se a distância entre o Altar e
o Ambão for muito pequena. É de suma importância recuperar a identidade deste
"lugar" do anúncio da Palavra dentro do espaço celebrativo (Guia
Litúrgico Pastoral – CNBB).

Os livros litúrgicos sempre foram cercados
de especial veneração e trabalhados com arte esmerada por
conterem a Palavra de Deus. Proclamá-la, lendo de folhetos, não expressa a
dignidade da Palavra e o apreço que por ela temos. Urge reintroduzir em nossas
celebrações o uso dos Lecionários ou ao menos da Bíblia, para que possamos
melhor sentir e expressar o apreço por Deus que nos fala.
Diante
disso, podemos recordar as palavras da Constituição Sacrosanctum Concilium nº 122, que foram melhores expressas no elenco
das Leituras da Missa, no Lecionário Dominical (1994, p. 22), referente os
livros para anunciar a Palavra de Deus nas celebrações, pois os mesmos nos
fazem lembrar a presença de Deus que nos fala. “É preciso procurar que os
próprios livros, que são sinais e símbolos das realidades do alto na ação
litúrgica, sejam verdadeiramente dignos, decorosos e belos”. Com razão Rigo
(2009, p.53), orientando sobre a maneira de se escutar a proclamação da
Palavra, lembra-nos sete motivações para termos a atenção voltada ao Leitor e
não ao folheto:
Primeira: Ouvir a Palavra durante a Santa Missa [o mesmo vale para a Celebração Dominical na Ausência do Presbítero, pois a Liturgia da Palavra segue os mesmos princípios para ambas as celebrações], implica mudança de comportamento e postura do ouvinte. Para tal, é preciso uma reeducação. Costuma-se baixar a cabeça e fixar os olhos no folheto, mesmo que o leitor, falando em nome de Deus, passe desapercebido ou sua voz não receba atenção devida. A Constituição sobre a Liturgia diz que o leitor exerce um verdadeiro ministério.
Segunda: A Palavra é proclamada para todos, para ser ouvida por todos,
pois ecoa em todo o templo. Do contrário, faça-se uma pausa para cada um ler as
leituras em silêncio e para si.
Terceira: Aquele que lê certamente o faz em nome de do Senhor que fala a
seu povo, sendo o leitor o primeiro ouvinte. Em seu coração e em sua vida, deve
ecoar a Palavra.
Quarta: O folheto foi feito para auxiliar a equipe de celebração.
Transcrito do Lecionário e do Missal, não seja supervalorizado. A celebração
terá o mesmo valor se celebrada do folheto ou pelo Missal, mas com todos e para
todos e não cada um acompanhando em seu papel, individualmente. O importante é
escutar e entender o conteúdo das leituras, com certeza de que foi Deus que nos
falou.
Quinta: Além de dificultar a escuta coletiva e favorecer a leitura
individualista, faz com que os ouvintes deixem de vivenciar outros gestos que
acontecem no espaço celebrativo durante o rito. Como perceber o que está acontecendo
no altar, no ambão e na assembleia com os olhos presos ao folheto?
Sexta: Ressoa diferente aos ouvidos quando é outro que me fala daquilo
que Deus tem a me dizer. É diferente ler para pessoalmente retirar as minhas
conclusões. O leitor, que é emissário de Deus, anuncia a Boa-Nova do Senhor, e
para isso ocupa o lugar destacado para a Palavra.
Sétima: Ao usar o folheto, o fiel fica dependente do conteúdo,
entretendo-se em escritos nele contidos (mensagens, comentários e avisos) e não
ao que realmente interessa: a Palavra de Deus.
As sete maneirasde se escutar a proclamação da Palavra que Rigo
nos apresenta tem sua fundamentaҫão na afirmaҫão do elenco das Leituras da
Missa (1994, p.23) que diz:
Os livros das leituras que se utilizam na celebraҫão, pela dignidade que a palavra de Deus exige, não devem ser substituídos por outros subsídios pastorais, por exemplo, pelos folhetos que se fazem para que os fiéis preparem as leituras e as meditem pessoalmente.

Por: Seminarista Everaldo Bail -Propedêutico.
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